terça-feira, 21 de junho de 2016

RIO DO OURO! INDIGNAI-VOS!

Minha bela Jacobina tá fria
Tá invernando, como muito ouvi
Era um tempo dos anos setenta pra trás
Da produção de leite, requeijão, feijão, ...

Era a Jacobina do Rio do Ouro
Eu com sete anos, de minha lembrança é o que restou
Pulando do cais pro seu leito
Batendo na água com os peito
Ou pra espanar água de torpedo

Não precisava de chuva
Pra cair na água que nunca foi suja
Da Macaqueira descendo até o Fórum
Casa da justiça, injusta com o rio
Pelas pedras eu deslizava
Era meu tobogã que se transformava

Meu Rio do Ouro hoje chora
Derrama um  sangue fétido
Nojento que vem das belas casas de sua beira,
Do povo rico pobre  de Jacobina
Que derrama o que não mais deseja
Presenteando aquele leito
Como uma cerimônia que a todo dia festeja

Meu Rio do Ouro das águas auríferas
Dos seichos rolados, redondos
Tua vida tá chegando ao fim
Teu cheiro hoje é chorume que vem do lixo

No teu velório verei discursar
O vereador ladrão de tua seiva
O prefeito larápio de tua beleza
O deputado fingido te chamando de alteza
O empresário esperto que só pensa na própria riqueza
E um povo honesto que dá  carta branca aos ladrões na hora das eleições

Rico algum desfruta seus milhões, sem água
Vereador algum gasta as gorjetas, vindas de prefeito e deputado, sem água
Deputado algum passeia em seu iate, sem água
Prefeito algum bebe seu escocês, sem água
Filhos seus algum desfrutarão da miséria alheia, sem água
Povo algum, vive sem água, que autorizou o seu uso a outros
Filho algum vive, sem água

Meu Rio do Ouro, sem água, juntos morreremos
Num suicídio coletivo de ricos, políticos e povo, pobres de água!

Simão Barros
Jacobina, 15-06-2016

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