quinta-feira, 12 de maio de 2016

NÃO SE AFLIJA, MEU AMOR

Não se aflija, meu amor
Tempestade pior já enfrentamos
Como a guerra declarada
De prisioneiros torturados até a morte
E unhas arrancadas a pálpebras rasgadas

Não se aflija, meu amor
Hoje a guerra não pode ser declarada
E nem precisamos das armas
Pra dançar a balada

Não se aflija,  meu amor
Hoje nos garantimos
No papel
Construído a doce e fel

Não se aflija,  meu amor
Já não envio o carteiro pra dizer que te amo
De trem, ônibus ou caminhão
Hoje o trem bala viaja no espaço

Não se aflija, meu amor
Nossos filhos são fortes
Já não regam os jardins
A pão e rapadura
Não vivemos mais aquela época

Nossos filhos, meu amor
Trancam seus patrões em suas casas
Porque a rua foi tomada
Sitiaram-se em suas casas
Porque a noite tonou-se escura

Por fim, diga-me meu amor, que tem fé
E coragem pra deixar os olhos
Bem abertos pras ilhas definharem
Pelo abismo por eles criados
                                    Simão Barros

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